uma nova visão da mediocridade

Eu posso dizer, com certeza, que hoje é o pior dia de todos pra começar a escrever esse blog.

Minha odisseia por tantos sentimentos conflituosos começou hoje na aula de Redação, (18/09), quando a professora resolveu declamar aos alunos a prosa de uma garota lá da sala, que foi escrita baseada no poema "menino chorando na noite" de Carlos Drummond de Andrade (um que eu pessoalmente não gosto muito). E a redação dela deixou-me emocionado de formas que poucas vezes na vida eu posso falar que estive. Estava lá! tudo que eu sentia e não sabia descrever estava lá, em palavras numa redação primorosamente escrita.

No momento em que ela terminou, não me sobrava outra reação a não ser ficar atônito. E depois, irremediavelmente desesperançoso. pois mesmo que se eu tentasse por anos, eu não conseguiria me expressar de uma forma tão sucinta. 

Tudo isso inviabilizando qualquer fuga do sentimento de mediocridade. Esse, por muito tempo, ficou escondido dentro de mim, esperando o momento para fazer-me sentir tão insuficiente quanto possível. E eu que, por muitas vezes, senti-me munido com o dom da palavra, estava destruído e afundado nas lembranças de um tempo onde a sensação de insuficiência não era só constante, mas também fazia parte inteiramente do meu "infindável repertório de dolorosas piadas".  

Isso me deixou um tanto mal por um tempo considerável, porém, eu ando adotando perspectivas novas sobre a vida; e uma delas, por incrível que pareça, não é minha. E eu entendo (hoje) que existem pessoas que não me deixariam se sentir dessa forma. Parando pra pensar um pouco, talvez elas estejam certas!

Divagando sobre isso por um longuíssimo período de tempo, eu cheguei na conclusão (eu sei que é óbvia pra você, leitor) de que cada um tem o seu próprio ritmo. E que a qualidade do texto de alguém deveria só me inspirar a melhorar e não me desmotivar. Mas como deve ser evidente para todos, eu tenho alguns problemas de autoestima e eles não me deixam ver com clareza todas as situações.    

E por mais que possa soar incomum pra mim dizer isso: sinto-me otimista para o futuro. 

Digo também que, no decorrer do ano, eu acabei por conhecer muitas pessoas, dando-me a noção do quão único cada indivíduo é. E isso acendeu em mim um caloroso sentimento de segurança, como se todas as pessoas fossem mais bonitas agora.