A Guerra Anglo-Zanzibari



Eu acho que antes de falar da guerra e, principalmente, a sua maior peculiaridade, preciso contextualizar para aqueles que não são muito viajados e, por consequência disso, não conhecem a grande e gloriosa nação de Zanzibar.


Zanzibar é parte de um conjunto de duas ilhas no leste africano, hoje Tanzânia, que funcionam de forma semi-autônoma. Sendo mais um dos exemplos da "arabização" da costa oriental africana; tanto que seu nome é dado por eles: "Zanj-Bar" que significa "Costa dos negros".

No entanto, a primeira visita europeia nas lindas terras foi feita pelos portugueses no século XVI (lembrou alguém?) mais especificamente, Vasco Da Gama, durante suas viagens pelas Índias. Virando uma colônia portuguesa até o século XVII.

Mas a questão que nos leva ao inevitável conflito não tem nada a ver com Portugal, e sim com a Inglaterra. País que transformou a poderosa nação de Zanzibar em seu protetorado (usando outras palavras: a Inglaterra manda e desmanda e eles obedecem).

Conflito 

Uma vez que foi tida como protetorado britânico, só se podia ascender a governante do país quem o cônsul inglês permitisse. 

Mas em 25 de Agosto (atenção as datas e números, eles são importantes) o sultão regente até então, Hamad Bin Twuaini, morreu "misteriosamente". Assumindo imediatamente, 26 de Agosto, seu sobrinho, Khalid (caramba, que coincidência!). Mesmo rompendo o tratado com a Inglaterra, já que não foi concedido à ele a autorização do Reino Unido. 

O que foi suficiente para os ingleses, no seu augue, considerar o ato como suficientemente grave ao ponto de declarar guerra ao novo sultão e Zanzibar. 

Khalid, que não era lá um grande fã da Grã Bretanha (pra falar a verdade, nem eu sou), resolveu buscar aliados (tá, entre a Inglaterra e Zanzibar, você apostaria em quem?) então... você e o resto do mundo apostaram na Inglaterra.   


Uma das mais engenhosas construções da humanidade, O Grande Palácio Do Sultão.

Sem nenhum aliado, o sultão resolveu aquartelar um punhado de tropas leais no magnífico palácio real para tentar resistir ao avanço britânico.

A Inglaterra deu seu ultimato exigindo que ele se rendesse e que suas tropas saíssem do aquartelamento. Spoiler: ele pediu uma conferência aos ingleses, que foi negada. Então ele mandou uma carta dizendo que não iria abaixar a bandeira.

O ultimato se expirou no dia 27 de Agosto, às 9:00. Foi tempo suficiente para o Contra-Almirante Harry Hawson reunir três cruzadores, dois navios de guerra, 1500 fuzileiros e mais um corpo de 900 zanzibaris, leais ao sultão antigo.

Enquanto o lado do sultão, tinha: dois barcos, duas atilharias, 2800 zanzibaris (muitos civis com também centenas de escravos) e um navio antigo, que acabou virando iate do sultão, o HHS Glasgow.


Às 9:02 ocorreu o primeiro bombardeio inglês, que acabou incendiando o palácio (primorosamente trabalhado na madeira) e neutralizando as únicas duas artilharias do Khalid.

Se a derrota em terra já era certa, no mar não foi diferente; um completo massacre! Eu não estava lá, mas aposto que não foi algo bonito de ser ver.

O incêndio cessou às 9:40, levando consigo toda a dignidade de uma grandiosa nação que sonhava com liberdade e lutou bravamente por ela. (Ok! encontro-me quase chorando de rir enquanto escrevo esse texto)

Resultados 

  1. 500 mortos no lado do Khalid, a imensa maioria no incêndio. 
  2. As tropas do sultão, com toda sua bravura, feriram 1 inglês, que se recuperou no mesmo dia.
  3. Como humilhação máxima, os perdedores tiveram de pagar pela munição usada pelos ingleses.
  4. O Khalid se refugiou numa colônia alemã. 

E esse, senhoras e senhores, foram os 38 minutos mais vergonhosos que eu conheço. 

Comentários

  1. Observação: Zanzibar era um protetorado por causa do seu tamanho, tão pequeno que era economicamente inviável virar uma colônia.

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  2. Vou colocar Zanzibar na minha redação do Enem, independente do tema!!

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